O pensamento russo oculto, antes da guerra
Tristemente observamos muitas vidas perdidas em uma guerra. A história já deu lições catastróficas de modo a não se desejar jamais que a guerra volte. No caso da Rússia, bem como da Ucrânia, se percebe uma repetição de padrões e de desculpas. Lutas por um mundo melhor, por liberdade, por igualdade, e muitas outras desculpas acabam sacrificando a vida de soldados e civis. As ideologias que rondavam na Rússia não eram o que se comumente pensa, e estão mais alinhadas a um pensamento conservador, e pasme, cristão. Sim, cristão. Putin em diversos discursos luta no que para ele é uma missão messiânica, de uma Katechon, alguém que luta contra a besta do Apocalipse, que vê nos EUA. Os Russos pensam no sentido de que são cristãos lutando contra o niilismo de uma Nova Ordem Mundial, americana. O cristianismo que por lá existe é o ortodoxo, que para alguns autores forma uma terceira Roma, depois de Constantinopla, que seria a segunda Roma. Putin seria para ele, um messias. Se verdadeiro ou falso, fica a dúvida. Desejam construir uma Eurásia.
Putin se via como alguém que redimiria a alma da Europa. Tudo isso por causa de identidade cultural, que como conservador, veria estar se perdendo frente à cultura americana, desviando jovens, seja pelo jazz americano no passado, seja pelo hip hop em tempos mais recentes, rejeição de identidade sexual. Também surgiram diversas associações de jovens na Rússia, para buscar preservar essa cultura. A Rússia como um eterno mártir. O homem messiânico encarnado no russo. Vê o moderno como decadente e apartado de Deus, o que vem dos EUA. A guerra então estaria envolta de uma metafísica da guerra. Essa luta russa contra a mudança da Europa, contra uma nova ordem mundial. Não é estranho que conservadores como Trump teriam trocas com Putin, e o discurso não é muito diferente, uma vez que Trump usava uma Bíblia embaixo do braço. Veem os EUA como algo antigo e já superado, uma escória. Há em contrário a isso uma Rússia um tanto messiânica, um tanto salvadora, segundo eles. Teóricos mais alternativos como Spengler, Bolton, Schubart e outros mostram essa Rússia um tanto desconhecida. Um bolchevismo expurgado de marxismo. Uma guerra intercultural. O prussianismo não transcendeu o capitalismo. Outra crítica que fazem é que os EUA misturam o puritanismo e o deísmo, de modo a usar de comércio da fé, de ter uma visão não tradicional da religião. Estranho que justamente Trotsky foi um agente inglês-americano, o que ainda acusam.
Por fim, a guerra é injustificada, sendo um sacrifício humano quase ritualístico. Não há desculpa justificável para se preservar uma tradição cultural, quando se desrespeita direitos humanos e se comete crimes contra a humanidade e genocídio. Civis russos e ucranianos estão morrendo frente essa guerra injustificada. O interesse parece oculto, ou seja, uma re-divisão do mercado comercial. A Santa Mãe Rússia nega a sua identidade cristã, quando opta pela guerra. Apesar de terem ressurgido as igrejas ortodoxas com Stalin, fato é que os grupos ainda trocam ligações com grupos islâmicos, e ainda parece que por trás dessa guerra há interesses econômicos, e um pouco de se querer manter a velha fama da união soviética.
Mariano Soltys
Nenhum comentário:
Postar um comentário